O ex-presidente da Bolívia, Luis Arce, teria sido detido e levado à sede da polícia na quarta-feira.
Sua ex-ministra da Presidência, María Nela Prada Tejada, postou um vídeo nas redes sociais dizendo ter recebido informações de “fontes não oficiais” de que Arce havia sido “sequestrado ilegalmente” pela polícia.
A polícia não comentou a suposta detenção, mas o vice-presidente, Edmand Lara, postou um vídeo nas redes sociais parabenizando uma unidade policial especializada “por ter detido Luis Arce, em cumprimento de resolução emitida por autoridade do Ministério Público”.
Arce serviu como presidente da Bolívia até novembro passado, quando entregou a faixa ao ex-senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira, que venceu o segundo turno em uma eleição que encerrou quase 20 anos de domínio do esquerdista Movimiento al Socialismo (Mas).
Lara acrescentou: “Dissemos que Luis Arce seria o primeiro a ir para a prisão e estamos cumprindo. Todos que roubaram deste país devolverão até o último centavo e serão responsabilizados”. O vice-presidente é um ex-policial que ficou famoso no TikTok por fazer supostas acusações de corrupção.
A emissora estatal Bolivia TV postado que Arce estava “prestando depoimento” à polícia “enquanto funcionários da ouvidoria o acompanhavam”. Registou o envolvimento do departamento da Força Especial de Combate ao Crime na investigação de ganhos ilícitos.
Do lado de fora da sede da FELCC na capital, La Paz, para onde o ex-presidente teria sido supostamente levado, Tejada disse aos jornalistas que tentava entrar no prédio para obter mais informações.
Ela disse que Arce “estava sozinho” no bairro de Sopocachi, em La Paz, quando teria sido “colocado em um microônibus com janelas escurecidas” e levado para a FELCC.
“Estou chegando agora para saber… Não, não houve notificação de nenhum tipo, e venho ver quais procedimentos o trouxeram para cá”, acrescentou.
Tejada disse que soube por “fontes não oficiais” que o motivo da detenção “seria o caso do fundo indígena”, referindo-se a um fundo governamental destinado a canalizar parte das receitas fiscais de hidrocarbonetos para projetos de desenvolvimento para os povos indígenas.
Durante os primeiros anos da administração do ex-presidente Evo Moralessob o qual Arce serviu como ministro das Finanças, a Bolívia registou um crescimento surpreendente, tirando milhares de pessoas da pobreza – especialmente muitas comunidades indígenas e rurais – graças ao boom do gás natural.
O “Fundo Indígena” foi encerrado em 2015 após um escândalo de corrupção envolvendo suposta apropriação indébita de recursos.
As investigações foram retomadas após a posse de Paz Pereira – o presidente estabeleceu pelo menos 10 comissões auditar e investigar administrações do Mas, uma delas focada no “Fundo Indígena”.
Na última sexta-feira, a ex-deputada do Mas Lidia Patty também foi presa pela FELCC. Ela é acusada de ter recebido, em sua conta pessoal, recursos para a execução de projetos que nunca foram realizados.
A mídia local informou que, no pedido de detenção de Arce, o promotor público Miguel Ángel Cardozo alegou que quando Arce era ministro da Economia ele havia “violado os regulamentos existentes ao autorizar a transferência de fundos públicos para contas pessoais”.
