Pontos-chave
- A China agora permite a entrada de brasileiros sem visto por até 30 dias, até 31 de dezembro de 2026; O Brasil está avaliando uma isenção recíproca para visitantes chineses.
- As chegadas chinesas ao Brasil aumentaram para 76.524 em 2024 e cerca de 94.400 de janeiro a novembro de 2025.
- A decisão liga a economia à geopolítica: exportações de serviços versus óptica de migração e política de reciprocidade.
A China abriu a porta primeiro. Desde 1º de junho de 2025, os brasileiros podem entrar na China sem visto por até 30 dias para turismo, negócios, visitas familiares, intercâmbios ou trânsito.
A política também cobriu Argentina, Uruguai, Chile e Peru, e Pequim posteriormente estendeu a elegibilidade do Brasil até o final de 2026. Os jornalistas foram excluídos.
O Brasil não refletiu a mudança. Os cidadãos chineses ainda precisam de visto, mesmo depois de um acordo de janeiro de 2024 assinado pelo chanceler Mauro Vieira e ChinaWang Yi estendeu os vistos de turista e de negócios com passaporte comum de cinco para dez anos.


Esses vistos permitem estadias de até 90 dias por visita, renováveis. Agora Brasília está considerando a possibilidade de abandonar totalmente a exigência para turistas e viajantes de negócios chineses, embora não haja nenhum decreto presidencial.
Aumento do turismo na China testa as políticas de vistos e migração do Brasil
Os números do turismo são o argumento mais forte. O Brasil registrou 76.524 turistas chineses em 2024, um aumento de 79% em relação a 2023, e cerca de 94.400 a mais até novembro de 2025.
A Embratur sublinhou a margem de manobra: a China gerou cerca de 162 milhões de viagens de saída em 2024, enquanto o Brasil capturou cerca de 0,05% desse mercado.
As dúvidas são políticas. As autoridades têm debatido se o Brasil poderia se tornar uma rota de migração irregular num momento tenso nas Américas.
A experiência recente do Brasil nos EUA é frequentemente citada. Uma anterior isenção unilateral de visto para os americanos não trouxe reciprocidade. Brasil restabeleceu os vistos para visitantes dos EUA, Canadá e Austrália em 10 de abril de 2025.
Em 2025, ocorreram 38 voos de deportação de brasileiros dos Estados Unidos, com algemas gerando indignação pública. Mesmo que haja uma isenção, os aviões decidem o ritmo.
Muitos itinerários ainda dependem de rotas como Pequim-Madrid-São Paulo, e um serviço pré-pandémico da Air China que fazia escala em Espanha foi interrompido em 2020. A escolha do Brasil é clara: fricção comercial em prol do volume e gerir a política que se segue.