Pontos-chave
1. O Ibovespa bateu recorde acima de 165 mil pontos antes de cair 4,31%, sua pior queda em quase cinco anos.
2. A notícia de que Flávio Bolsonaro, e não o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, poderá liderar a direita em 2026 destruiu as esperanças de uma alternativa favorável ao mercado ao actual governo de esquerda.
3. Os bancos e os ciclos cíclicos internos foram os mais duramente atingidos, enquanto os exportadores rentáveis em dólares, como a WEG, a Suzano, a Klabin e a Braskem, actuaram brevemente como portos seguros.
O mercado brasileiro passou da comemoração à capitulação em uma única sessão. Na sexta-feira, o Ibovespa ultrapassou pela primeira vez os 165 mil pontos, apenas para fechar em 157.369,36, queda de 4,31% no dia e cerca de 1,1% na semana.
A oscilação intradiária de mais de 8.000 pontos foi a queda mais acentuada desde o início de 2021. O dólar saltou 2,29%, para R$ 5,4318 (US$ 1), enquanto os investidores corriam em busca de proteção. O choque foi político, não global.
A revelação de que o senador Flávio Bolsonaro provavelmente concorrerá à presidência em 2026, com o apoio de seu pai, derrubou meses de posicionamento em torno de Tarcísio de Freitas como o candidato conservador e com mentalidade de execução que poderia restaurar a disciplina fiscal após 2027.
Analistas alertaram que esta configuração aumenta a probabilidade de reeleição do Presidente Lula e enfraquece a perspectiva de uma coligação ampla e reformista de centro-direita.
Os futuros de DI de longo prazo explodiram: o contrato de janeiro de 2028 saltou cerca de 46 pontos base, para 13,18%, enquanto o contrato de janeiro de 2032 subiu cerca de 51 pontos, para 13,49%.


A euforia do mercado de ações do Brasil se transforma em pânico enquanto Flávio Bolsonaro sacode a corrida de 2026
Aproximadamente R$ 182,7 bilhões (US$ 34 bilhões) em valor de mercado evaporaram à medida que a capitalização da B3 caiu de cerca de R$ 4,93 trilhões (US$ 913 bilhões) para R$ 4,74 trilhões (US$ 878 bilhões).
Os bancos pesados lideraram os danos: o Itaú sozinho perdeu cerca de R$ 19,1 bilhões (US$ 4 bilhões) em valor, a Petrobras R$ 17,7 bilhões (US$ 3 bilhões), com Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual juntos perdendo mais de R$ 50 bilhões (US$ 9 bilhões).
O principal ETF, BOVA11, caiu 4,41%, para R$ 154,18 (US$ 29), com volumes mais que dobrando sua média de três meses.
Entre as ações do Ibovespa, os cinco piores desempenhos foram Yduqs, Azzas 2154, Cyrela, Magazine Luiza e Assaí, todas com queda de cerca de 10%, à medida que as taxas futuras mais altas e a incerteza política esmagaram nomes sensíveis às taxas de educação, imobiliário e varejo.
Apenas quatro ações fecharam em alta: as exportadoras WEG a R$ 46,70 (US$ 9), Suzano a R$ 50,50 (US$ 9) e Klabin a R$ 18,64 (US$ 3), mais Braskem a R$ 7,88 (US$ 1), impulsionadas pelas expectativas em torno da venda da participação da Novonor e de um papel mais ativo da Petrobras.
Tecnicamente, a tendência semanal para o Ibovespa permanece ascendente, mas a reversão de sexta-feira no gráfico diário e uma quebra clara no gráfico de quatro horas mostram quão rapidamente a confiança pode desaparecer quando os investidores temem que o Brasil possa permanecer preso num caminho de gastos elevados e poucas reformas.