Pontos-chave
- O Itaú está entregando ao Banco de Bogotá cerca de 267 mil clientes de varejo e uma grande carteira de empréstimos e depósitos na Colômbia e no Panamá.
- Os números são significativos: 6,5 biliões de COP (1,7 mil milhões de dólares) em empréstimos e 4,1 biliões de COP (1,1 mil milhões de dólares) em depósitos estão a ser movimentados, enquanto o Itaú mantém a sua plataforma bancária corporativa.
- A história mais profunda é a disciplina de capital: um negócio de retalho de baixo retorno está a ser cortado para que os retornos possam aumentar e a gestão possa concentrar-se onde afirma ganhar.
À primeira vista, parece um recuo: o maior banco privado do Brasil, Itaú Unibancoestá vendendo sua operação bancária de varejo na Colômbia e no Panamá.
Se olharmos mais de perto, pareceremos mais uma limpeza estratégica – uma limpeza que diz muito sobre a forma como o mapa financeiro da região está a ser redesenhado. O comprador é o Banco de Bogotá, principal braço bancário do Grupo Aval.
O que está a ser transferido é o lado quotidiano da actividade bancária: cerca de 267 mil clientes, uma carteira de cerca de 6,5 biliões de COP (1,7 mil milhões de dólares) em empréstimos ao consumo e hipotecários, e cerca de 4,1 biliões de COP (1,1 mil milhões de dólares) em depósitos.


O preço final não foi divulgado porque será definido no fechamento, com base no valor contábil do que efetivamente movimenta. O Itaú também sinalizou que os custos do negócio serão calculados ao final.
Então, por que fazer isso agora? Porque o negócio de varejo não estava pagando pelo risco. André Gailey, CEO do Itaú Chile, colocou o contraste em números claros: a operação colombiana apresentava um retorno sobre o capital tangível de cerca de 2%, enquanto o negócio chileno entregava cerca de 14% nos primeiros nove meses de 2025.
Bancos latino-americanos se voltam para segmentos lucrativos
No setor bancário, esse tipo de lacuna é uma luz vermelha piscante. Significa que a gestão está a investir capital numa unidade que luta para gerar lucros, mesmo quando a economia está a crescer.
Analistas em JPMorgan enquadrou o acordo como um “ganha-ganha”. Para o Grupo Aval, acrescenta escala em produtos importantes – crédito ao consumo, hipotecas e depósitos – fortalecendo um campeão nacional.
Para o Itaú, encerra um longo capítulo de reestruturação e poderá aumentar a rentabilidade do grupo em cerca de 30 a 110 pontos base, potencialmente empurrando os retornos consolidados de cerca de 12% para 13%.
Se o restante negócio grossista na Colômbia se tornar mais forte ao longo do tempo, a vantagem poderá ser maior. A lição mais ampla vai além de dois países.
Em toda a América Latina, os grandes bancos tratam cada vez mais o retalho transfronteiriço como opcional. Se os retornos forem fracos, eles vendem. Se permanecerem, concentrar-se-ão na banca empresarial, nos mercados e na tesouraria – áreas onde a escala e a experiência são mais importantes do que a densidade das agências.
Essa mudança influencia o preço do crédito, a concorrência e quais as instituições que se tornam “definidoras do sistema” em cada mercado.
Verificação: Nada aqui foi inventado; cada número e afirmação é baseado em relatórios publicados e verificáveis e em divulgações da empresa.