Pontos-chave
- Brasília endossou a ideia de voos internacionais em Congonhas, mas não é um sinal verde definitivo.
- O primeiro início em discussão é 2028, vinculado à reconstrução de R$ 2,0–2,5 bilhões (US$ 370–463 milhões) da Aena.
- Se aprovado, provavelmente significaria rotas curtas para a América do Sul, e não serviços intercontinentais de longa distância.
O aeroporto mais conveniente de São Paulo está tentando recuperar um status que perdeu anos atrás: enviar passageiros através das fronteiras. Congonhas é hoje um carro-chefe exclusivamente doméstico, valorizado por estar próximo do núcleo empresarial da cidade.
Esta semana, o governo federal emitiu parecer técnico favorável apoiando o pedido da Aena para restabelecer as operações internacionais no país. É um passo importante. Também está longe de ser o último.
O “por trás da história” é que as decisões sobre aviação no Brasil raramente envolvem apenas pistas. Tratam de quem controla a capacidade, onde o dinheiro é gasto e como um país sinaliza modernidade aos investidores e viajantes.
Congonhas possui imóveis urbanos extremamente valiosos. Torná-lo internacional novamente mudaria a conveniência de volta para o centro da cidade São Pauloe alteram os padrões de tráfego que há muito favorecem o centro maior e mais distante de Guarulhos.


As autoridades foram cuidadosas com suas palavras. O ministério dos Transportes e Portos ressaltou que o parecer não autoriza voos. Isso é importante porque vem a seguir a parte difícil: transformar um aeroporto numa fronteira.
Aena ainda precisa de aprovações das agências que administram fisicamente a entrada, os exames de saúde, os controles agrícolas e a alfândega.
Plano internacional de Congonhas depende de atualizações e aprovações
Somente depois que essas peças estiverem em vigor é que o processo formal vai para a ANAC, órgão regulador da aviação que decide se Congonhas pode ser designada para serviço internacional.
A proposta da Aena concentra-se em rotas regulares de passageiros de curta e média distância dentro da América do Sul. Essa é a aposta realista. Congonhas foi projetado para velocidade e alta rotatividade, não para operações de aeronaves de longo curso.
O plano também depende da construção. Aena vincula o projeto internacional a um programa de modernização e expansão avaliado em cerca de R$ 2,0 a 2,5 bilhões (US$ 370 a 463 milhões), incluindo um novo terminal e o espaço necessário para inspeções e segurança.
A meta para 2028 é, portanto, menos uma promessa do que um prazo estabelecido pela engenharia, pela burocracia e pela política.
Se tiver sucesso, poderá reduzir o tempo de viagem para viagens de negócios regionais, alterar as escolhas da rede aérea e mostrar como o Brasil está a utilizar o investimento liderado por concessões para expandir a capacidade sem construir um novo aeroporto a partir do zero.