Pontos-chave
- A produção industrial de São Paulo caiu 1,2% em outubro, a segunda queda consecutiva, prejudicando o fraco resultado nacional do Brasil.
- O mapa fabril do Brasil está a fragmentar-se, com estados com forte presença de petróleo e mineração a crescer enquanto os centros industriais tradicionais perdem ímpeto.
- Mais de uma década após o seu pico, a indústria brasileira ainda está muito abaixo dos níveis de 2011, limitando o emprego, o investimento e o crescimento.
Os últimos números industriais de São Paulo são preocupantes. A produção no principal estado industrial do Brasil encolheu 1,2% em outubro em comparação com setembro, um segundo declínio consecutivo e uma perda acumulada de 1,7%.
As fábricas do estado hoje operam 22,8% abaixo do pico histórico de março de 2011. A indústria nacional conseguiu uma alta de apenas 0,1% no mês, apenas porque outras regiões compensaram a queda de São Paulo.
Novos números da agência de estatísticas do Brasil mostram um mapa industrial fraturado. O Rio Grande do Sul sofreu a queda mais acentuada em outubro, com queda de 5,7%, revertendo três meses de ganhos com o enfraquecimento de derivados de petróleo, celulose e papel.
Em contraste, a produção do Rio de Janeiro aumentou 4,1%, impulsionada pela força das indústrias extrativas, químicas e de refino de petróleo, embora essa recuperação não apague a queda de 6% nos dois meses anteriores.


Minas Gerais registrou alta de 2,1%, terceiro aumento consecutivo, também impulsionado pela mineração. Numa base de 12 meses, o quadro nacional está a desvanecer-se. Crescimento industrial desacelerou de 1,5% para 0,9% nos dados anuais contínuos, e 12 das 18 regiões acompanhadas pelo IBGE perderam impulso.
Estados como Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo aprofundaram seus declínios, enquanto mesmo regiões ainda em crescimento como Pará, Paraná e Santa Catarina expandiram mais lentamente.
Alguns estados, incluindo Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Amazonas, contrariaram a tendência com uma aceleração modesta. Para investidores, trabalhadores e parceiros estrangeiros, a mensagem é clara.
BrasilO crescimento do país depende fortemente de estados ricos em matérias-primas e centrados na extracção, enquanto o seu principal centro industrial enfrenta custos elevados, impostos complexos e incerteza política.
Essa combinação significa menos empregos industriais qualificados, uma base tributária mais fraca e maior vulnerabilidade às oscilações nos preços globais das matérias-primas. Quem olha o Brasil como uma plataforma industrial ou de near-shoring precisa saber que seu chão de fábrica ainda está bem abaixo do potencial.