Neste domingo (7), atos em todo país fizeram para dizer um basta à onda de violência contra as mulheres. A mobilização nacional chamada de Levante Mulheres Vivas foi convocada por coletivos, movimentos populares e organizações feministas. Em Curitiba, milhares de pessoas se reuniram no centro histórico da cidade e depois realizaram uma caminhada pelas ruas centrais.
O chamado às ruas ocorre diante de casos de violência contra mulheres que ganharam repercussão nas últimas semanas. No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) foram mortas a tiros, no dia 28 de novembro, por um funcionário da instituição de ensino, que foram mortas em seguida.
Em São Paulo, na segunda-feira (1º), um homem atirou, usando duas armas, contra uma ex-companheira de pastelaria em que ela trabalhava.
Na sexta-feira (5), em Brasília, foi encontrado o corpo carbonizado do cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, de 25 anos. O crime está sendo investigado como feminicídio, após o soldado Kelvin Barros da Silva, 21 anos, ter confessado a autoria do assassinato.

No ato na capital do Paraná, mulheres, homens, famílias, representantes de movimentos sociais, artistas e parlamentares estariam presentes.
A atriz Letícia Sabatella, que estava na cidade, fez uso da palavra dizendo que os casos ocorreram nesta semana enlutecem todas as mulheres. “Estes casos dizem respeito a história de todas as mulheres, me enlutece a ponto de ser muito difícil de dar o próximo passo, sabendo que na minha vida, mesmo que as pessoas não sejam minha irmã, mãe, dentro da família a gente contra essa opressão. Essa supremacia da opressão colocada na cabeça de muitos homens parece não afetar uma moral, sua honra”, disse.
“Sinto que é muito doloroso o que estamos passando, eu estou aqui, pois não suporto mais e espero que os homens que estão aqui também não suportem mais e rompam com essa sociedade da violência”, concluiu Sabatella.

Já a vereadora Vanda de Assis (PT), denunciou ação da Câmara Municipal que impediu a participação das mulheres no Conselho Municipal. “Na semana passada, na Câmara Municipal de Curitiba, os vereadores reduziram a participação das mulheres no Conselho Municipal das Mulheres. E isso acontece na primeira vez que este órgão irá receber recursos. Na hora que tivermos poder, tiraram as mulheres. É assim que começa as violências”, disse.
E representando o Levante Popular da Juventude, a estudante Yasmin Caetano, pediu que todas as mulheres repetissem palavras com dados a respeito do aumento de casos de feminicídio.
“No Brasil inteiro, os dados de violência contra as mulheres estão aumentando. E não é tragédia individual, é projeto, é sistema. E quando olhamos de perto, vemos que quem mais morre são as mulheres jovens, negras, pobres, da periferia e do campo. A violência tem idade, tem gênero, tem sexo, tem cor, tem território e tem classe. O patriarcado nos quer submissas, o racismo nos quer abrangente e o capitalismo nos, quer exploradas e sem descanso. Deixamos aqui um recado, não seremos controlados, o nosso racismo nos quer abrangente e o capitalismo nos, quer exploradas e sem descanso. corpos, nossa força de trabalho, nosso tempo, nossa sexualidade, nossa liberdade e a possibilidade de viver sem medo é porque não queremos mais sobreviver, queremos viver com dignidade”, disse.

Dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero indicar que, em mídia, perto de quatro mulheres foram assassinadas no dia 2024 em razão do gênero. Em 2025, o Brasil já registrou mais de 1.180 feminicídios e quase 3 mil atendimentos diários pela Ligue 180, segundo o Ministério das Mulheres.
No Paraná, pelo menos sete cidades também realizaram atos nesta manhã de domingo, como Sarandi, Maringá, Guarapuava, Ponto Grossa, Francisco Beltrão, Guaratuba e Cascavel.