Pontos-chave
- A Fitch espera agora que o petróleo permaneça perto da faixa de 60-70 dólares durante vários anos.
- O lento crescimento da procura, o aumento do número de automóveis eléctricos e o aumento da oferta não pertencente à OPEP estão a transferir o poder dos produtores para os importadores.
- Os países que mantêm os orçamentos disciplinados enfrentarão a situação muito melhor do que aqueles que apostam em petrodólares intermináveis.
A Fitch Ratings enviou um sinal claro aos mercados petrolíferos: a era de oferta permanentemente restrita e de preços altíssimos está prestes a terminar.
A agência reduziu a sua “tabela de preços” para o petróleo Brent para cerca de 69 dólares por barril em 2025 e 63 dólares em 2026 e 2027, com o índice de referência dos EUA, WTI, a cair para os 50 mais no final da década.
Estes são os números que a Fitch utiliza para avaliar se as empresas petrolíferas e as indústrias ávidas por energia conseguem pagar as suas dívidas. Por trás desse ajuste está uma história simples.
Do lado da oferta, os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Guiana e Argentina estão adicionando milhões de barris por dia. A tecnologia tornou a perfuração mais barata e rápida, e os investidores exigem agora eficiência em vez de vagas promessas de crescimento.
Do lado da procura, o mundo continua a utilizar mais petróleo todos os anos, mas apenas lentamente. A Fitch vê o consumo aumentando em cerca de 800 mil barris por dia em 2025 e 2026, restringido pela fraqueza da petroquímica e pela disseminação de veículos elétricos.


A OPEP+ já não é o único ator que importa. O cartel está a aliviar alguns dos seus cortes de produção anteriores, mas tem agora de competir com produtores flexíveis que podem aumentar a produção quando os preços sobem.
A Rússia acrescenta drama, mas não clareza: as sanções à Rosneft e à Lukoil poderiam reduzir as exportações ou forçar descontos mais profundos, mas até agora Moscovo tem mantido o fluxo de barris.
Para expatriados e investidores estrangeiros, a mensagem é direta. Óleo-os países importadores que mantêm os orçamentos sob controlo e resistem à utilização de petróleo barato como pretexto para novas despesas podem garantir uma inflação mais baixa, taxas de juro mais baixas e um planeamento mais previsível.
Os exportadores baseados em empresas petrolíferas nacionais mais enxutas e bem geridas permanecerão competitivos mesmo com petróleo a 60 dólares. Aqueles que dependem de gigantes estatais inchados e de receitas fáceis terão mais dificuldade em evitar reformas. Num mundo “mais baixo durante mais tempo”, a competência, e não a ideologia, decidirá quem prosperará.